Sugiro os dois, em dias diferentes...rs
Há muitos temas envolvidos em Acima das Nuvens, novo filme do
francês Olivier Assayas em cartaz. No mais imediato está o universo da
representação. Maria Enders (Juliette Binoche) é uma grande atriz europeia, de
filmes e palcos. Sua vida atribulada exige uma assistente, Valentine (Kristen
Stewart), sombra e espécie de consciência da outra. É esta que ajuda a atriz a
optar por interpretar numa remontagem teatral não a personagem jovem que a
celebrizou, mas a antagonista desta, mais apropriada a sua idade atual.
O debate é o primeiro sintoma da passagem do tempo, outro dos
vértices do drama, confirmado pela morte do dramaturgo em questão. A sugestão
da velhice surge mais aguda quando a diva conhece a possível parceira (Chloë
Grace Moretz), produto da fugacidade hollywoodiana. Assayas articula com tanto
esmero as razões em jogo que faz dos personagens seres densos na aparência, mas
destituídos de concretude, como o efeito climático a que alude o título.
Para muitos, o casamento deixou de ser uma instituição sagrada,
deixando de ser um elemento fundamental para a união de um casal. Porém, mesmo
em 2014 da Era Comum, ainda existem mulheres que cometem loucuras para casar e
conseguir “fisgar um bom partido”. “Loucas Pra Casar”, nova empreitada do
diretor Roberto Santucci, explora bastante essas insanidades.
O filme conta a história de Malu (Ingrid Guimarães), uma mulher
bem sucedida profissionalmente, que, aos quarenta anos, ainda não realizou seu
grande sonho de se casar. Mesmo depois de descobrir vários casos de Samuel
(Márcio Garcia), seu namorado, como Lúcia (Suzana Pires) uma dançarina de boate
e Maria (Tatá Werneck), uma jovem religiosa, ela não desiste do relacionamento,
pois se considera muito velha para conseguir outro homem tão bom quanto ele
para dividir sua vida.
Ao invés de investir no aspecto machista e estereotipado de que
as mulheres enlouquecem durante os preparativos para a festa (que muitas vezes
parece mais importante do que aquilo que ela representa), o roteiro de Marcel
Saback explora uma outra faceta da busca feminina pelo matrimônio. Ele opta por
mostrar o aspecto machista e estereotipado que as mulheres são capazes de
qualquer coisa para casar. Mesmo aquelas que são bem sucedidas social e
profissionalmente parecem ter a necessidade de controlar cada passo do namorado
(como manter uma agenda compartilhada constantemente atualizada, ou ter as
senhas de todas as senhas de redes sociais) para conseguir o que parece ser o
único objetivo realmente importante: o casamento. E esse não é o único problema
do longa.
Apesar de evitar parecer apenas um especial de
TV prolongado, o diretor se entrega (mais uma vez) à fórmula que tem sido
sucesso nas bilheterias brasileiras. Uma história que flutua em torno de
esquetes, não necessariamente conectadas, que são apenas encenações de piadas
tradicionais da cultura popular. Ou seja, perde-se o elemento da surpresa, tão
fundamental em uma comédia: no início da cena, sabemos exatamente como aquela
situação irá acabar. Além disso, há uma avalanche de outros estereótipos e
clichês das comédias nacionais: A lésbica masculinizada (e que foge dos padrões
de beleza midiáticos), o homossexual escandaloso, a carioca fogosa e promíscua,
a sogra conservadora e antipática (como se qualquer pessoa não ficasse
horrorizada na situação em que esta conhece namorada do filho), piadas com
banheiro e, obviamente, aquilo que ainda parece ser garantia de risos em
produções nacionais do gênero,



















